Reitor vincou importância língua portuguesa em dia de Aniversário da UNTL

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A importância da língua portuguesa como língua de instrução foi destacada em declarações à Lusa pelo Reitor da Universidade Nacional Timor Lorosae (UNTL), no dia em que a instituição completa seis anos de existência.
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Benjamim de Araújo e Côrte-Real destacou como uma das prioridades da única universidade estatal timorense a "imperativa urgência dos professores começarem a adquirir competências na apresentação das matérias em língua portuguesa".
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"Pelo simples facto de não conseguirmos preparar os alunos de forma plena apenas com o tétum, que para nós é importante enquanto auxiliar didáctico mas que não podemos sobrecarregar como veículo didáctico principal", explicou.
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Com cerca de 8.000 alunos, distribuídos por sete faculdades e 25 departamentos, na UNTL lecciona-se ainda em "bahasa" indonésio, mas o objectivo é que a partir de 2013 todos os cursos sejam ministrados em língua portuguesa.
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Ao tétum, a outra língua oficial em Timor-Leste, está reservado o importante papel de auxiliar didáctico, como prevê a Lei Orgânica do Ministério da Educação timorense, aprovada recentemente em Conselho de Ministros e que aguarda promulgação do Presidente da República.
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Reitor defende que atribuir no imediato responsabilidades acrescidas ao tétum seria um modo de fragilizar essa língua."
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Para nós (a aprovação da Lei Orgânica) traz-nos muito mais benefício e confiança. Porque não podemos vincular um sector, tão importante e tão fundamental para a vida do país, a uma língua que ainda apresenta certos limites visíveis e a imprecisão do seu desempenho numa área que exige rigor e exactidão", salientou.
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"Estaríamos talvez a sobrecarregar a língua de uma maneira precoce. E isso não queremos", frisou.
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Para Reitor, o objectivo é desenvolver o tétum, garantindo-lh e um "papel adequado ao seu estágio de desenvolvimento".
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As sete faculdades existentes na UNTL são Agricultura, Ciências Sociais e Políticas, Ciências da Educação, Economia, Engenharia Técnica, Medicina e Direito.
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Praticamente a par da criação da UNTL, a Fundação das Universidades Portuguesas (FUP) - que congrega as Universidades públicas e a Universidade Católica -, com o apoio da Cooperação Portuguesa, tem vindo a colaborar de forma intensa c om Timor-Leste.
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Vítor Ambrósio, coordenador do projecto da FUP, que tem cerca de cinco anos, disse à Lusa que actualmente se encontram 26 docentes portugueses a leccionar na UNTL.
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"O que distingue este projecto, relativamente às outras faculdades, é que o ensino é todo ministrado em língua portuguesa", salientou.
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Os professores enviados ao abrigo do projecto da FUP leccionam seis cursos: ciências agrárias, engenharia electrotécnica, engenharia informática, economia e gestão, língua portuguesa e direito.
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No total são 1.000 alunos que frequentam os cursos em língua portuguesa.
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O apoio da FUP, através da Cooperação Portuguesa, é ainda visível na ida de docentes e alunos timorenses a Portugal.
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A competição ditada pelas cerca de 20 universidades privadas que subsistem em Timor-Leste tem sido ganha pelos alunos que frequentam os cursos ministrados ao abrigo do projecto da FUP.
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"Grande parte dos alunos finalistas trabalham já em empresas ou na função pública timorense. É para nós um barómetro com sinais positivos", acrescentou Ví tor Ambrósio.
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O 6º aniversário da criação da UNTL foi comemorado hoje no Ginásio, no interior do "campus" universitário, numa cerimónia presidida pelo primeiro-ministro José Ramos-Horta.
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Durante a cerimónia, Reitor recebeu das mãos do embaixador de Portugal o certificado da condecoração de Grande Oficial da Ordem de Mérito, com que foi agraciado em Fevereiro, por ocasião da visita oficial do então Presidente Jorge Sampaio.